terça-feira, 18 de setembro de 2007

Rev. Nachingweya - A feira do Espanto

Os meus incrédulos olhos quase caíram no chão de tanto espanto, não era para menos, testemunhavam a dinâmica de um universo altamente evoluido, uma aldeia em que se podia ver de longe alguns macacos numa amena cavaqueira em torno das suas tendências sexuais, indiferentes, porém, ao lixo e mendicidade que lhes rodeiava...indiferentes a sua condição de macacos.Os macacos machos pulavam de árvore em árvore, de fêmea em fêmea, pintavam os pêlos de verde, azul, amarelo ou vermelho para se sentirem diferentes e modernos.Experimentavam novos hábitos sexuais conectados à internet em busca do contacto virtual em sex rooms dos mais badalados chats.

Canais codificados viciavam macaquinhos, deslumbrados com as bananas que os humanos atiravam nos breaks comerciais, corpitos magritos e esqueléticos, mutilados pela rotina das dietas extraídas em ridículas magazines juvenis, simbolizam a beleza das macaquinhas.Relações extra-conjugais eram aprimoradas para aumentarem a vaidade das macacas quando contassem suas aventuras amorosas as amigas, uma guitarra , uma garrafa de champagne, sexo na praia com o amante, à luz das estrelas cintilantes, tem mais charme, era mais romântico, era como na TV onde cenas de sexo explícito intercalavam implícitos anúncios publicitários da luta contra o HIV.

No maravilhoso mundo destes macacos a vaidade era tão mesquinha tanto que alguns trapos, ou pedaços de pano, guardados num guarda-facto valiam milhões só pelas suas etiquetas, que não passavam de simples palavras escritas ou estampadas nas roupas de grife.

A macacada urbana, multiplicava banhas e catástrofes cardíacas à cada Fast Food que substituia vitaminas em legumes, erguia videoclubes para que se alugassem hábitos fúteis, bibliotecas vazias contrastavam discotecas cheias,a liberdade se confundia com a indignidade e a promiscuidade.

Os macacos de terras distantes, mais ignorantes, faziam-se arrogantes e chamavam de bruxaria ou charlatanice a qualquer a magia que fosse negra , mas gastavam fortunas pra desvendarem os mistérios dos seus destinos nos signos dos horóscopos.

Mas estes macacos pareciam-me familiares...seus rostos lembravam-me os meus amigos, vizinhos, familiares, colegas...sei-lá, mas havia algo de intrigante naquela macaquice....até parecia que estava a contemplar a cidade de Maputo!

Rev. Nachingweya (www.kcultural.blogspot.com)





1 comentário:

Anónimo disse...

esse reverendo nao esta apenas a fazer esse sermão para mpt, acredito que essa carapuça serve a muita capital mundial...